terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Todo recomeço


Chuvisca na primeira
segunda-feira
do ano.

Ela fala que precisa me contar
uma coisa importante.

Pergunto quando,
pergunto onde.

A última vez que a vi, eu percebi
o imã,
a rima,
que a gente faz parte de um poema.

Aquele dia
ela terminou seu romance
e um pouco antes,
a gente se encontrava.

Acho que dentro nós ainda persista,
dentro de nós ainda exista,
o velho desejo incontrolável.

Você não imagina a minha felicidade aqui.

O desejo elementar


Me revela.
Parece novela.

Eu vi quando me olharam seus sinais.

Dilacera.
Aquarela.

O que eu sinto parte de dentro do seu olhar.

Atrela.
Dá trela.

Envolve tuas pernas nas minhas pernas e o seu sorriso no meu.


Há sempre um momento em que a noite desaba num horizonte de primavera.

Porcos selvagens


Quando aqueles olhos pesados batem naqueles corpos pequenos,
existe um sorriso que desmente tudo aquilo,
fazendo da esperança, uma distância.

Mas explique qual o prazer que vem imbutido nessa maldade?
Que loucura é essa?

Poderiam ser meninos.
Poderiam ser meninas.
Assim como já foram.
Poderiam ser estrelas,
garis, médicos, engenheiros.
Podiam ser quem são.

Se o teu desejo é a dor,
se corta,
se solta,
se mata.

Só deixe que aquelas crianças se amem.

Estante que devia ser


Eu quero um amor na minha prateleira.
Depois eu arrumo outro lugar pro's livros.

É que agora eu tô precisando muito de alguém.

Pro fim de tarde


E que esse seu sorriso se multiplique
pra deixar ascender
o infinito que há em nós.

Vem morar na minha casa,
deixa eu te ter por perto,
deixa que sejamos eternos
numa canção de amor.

Mas apareça mesmo,
que eu te quero,
só pra te deixar contente.

A infância e o agora


A felicidade se revela num lugar qualquer
e tudo faz parte de um segredo.
Você me chama num canto,
me diz que está sózinha e que isso tudo aconteceu
quando meu viu.
Eu aqui do outro lado, em êxtase,
não sei nem o que falar.

Começo agora a acreditar que os sonhos existem
e esse é o nosso modo de se doar.

Mas o que eu queria dizer mesmo
e o que foge das nossas mãos,
tem hora marcada pra voltar.
Como um filho que se zanga a toa
e chora aos pés de um pessegueiro,
como amigos que cultivam distância
e florescem amor.
eu amo você.
É por isso que quando chove,
as estrelas desaparecem.

O amor tem sempre reticências.
O amor tem sempre um final feliz.

Da lógica


O padre
foi
ao
terminal
central

e ali mesmo rezou sua extrema unção.