terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Sede de tempestade


Por um instante eu te observei contente
e te achei tão óbvia quanto uma linha reta não fazer curvas.
Você ainda é a mesma.
Palavras e gestos.
O cara que ontem fui, não há como dizer o contrário
mudou e muito.
Letras e canções.
Se eu te dissesse que seria diferente
e que brotariam girassóis em minha janela
toda vez que te visse,
seria a mentira mais doentia que um coração covarde
poderia dizer.
Como você muito sabe,
não me permito uma só palavra que asfixie seu cotidiano.
Por mais que um dia essa vontade
tenha se virado contra mim,
jamais me contradiria diante do mal que você pode me causar.

É, ficamos distantes,
dentes e unhas,
e se estenderam parágrafos e mais parágrafos
em tortos quilômetros.
O dia morreu em silêncio e lágrima pra nós dois
e hoje não há mais o que fazer.

De todos os sábados de riso e gozo,
todas a manhãs de segunda em êxito,
amigos, sentidos e direções,
de todas as quartas ciumentas
todas as caretas bêbadas,
de tudo isso,
ficou em nós apenas a dor mais profunda.

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